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24 de julho de 2014

Tic tac

   O leve barulho das folhas encontrando-se com o telhado, os pássaros cantando belamente no quintal e... O maldito relógio! Maldito!
   Após almoçar aquela carne seca, continuei sentado à mesa de madeira, para tentar escrever uma estória. Mas não. Não consegui. O que ouço lá fora mistura-se com o tic tac do relógio, esse maldito.
   Até agora, nada escrevi. Já até me propus a ignorá-lo, mas não posso... Algo em mim diz que tirar a pilha ou jogá-lo no chão não irá tirar o som do tic tac.
   A única coisa que penso é o tic tac. Olho-o a todo momento, pois acho que ele realiza um trabalho curioso: ele comanda o Tempo. Alguns dizem que o Tempo cura, estabiliza a situação... Mas o que é o Tempo, senão um mecanismo manipulado por um instrumento?
   Tenho vontade de abri-lo, penetrá-lo na minha carne, colocando o Tempo em mim para saber o que ele realmente é.
   Já faz duas horas que só o que ouço é o som desse maldito. Creio que daqui um tempo, só o que falarei será a repetição do barulho do relógio.
   O que me assusta é que ele não para para tomar fôlego, nem para tomar um gole d'água. Como algo sem vida comanda tanta coisa?
   - Boa tarde, querido.
   - Tic tac.

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