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3 de setembro de 2014

Mundos Amarelos

   Pelas tranças aramadas da grade que são do tamanho dos meus olhos, vejo três eus, que se misturam ao fundo azul-celeste, da mesma cor da estrela que abrilhanta os dias sem nuvens.
   Reflito sobre o solo que os guarda como uma mãe. Em dias de chuva, o que mais quero é afundar minhas mãos de unhas roídas nessa mãe-fértil e depois, ao tirá-las, cheirar essa fragrância sublime.
   Contemplo também as folhas caídas sob os pés dos meus eus e noto os resultados que o solo fértil e a luminosidade divina causam à vida humana.
   Chego a sentir calafrios de tamanha intensidade causados por essa experiência. Sinto o vento bater nos meus cabelos e percebo que talvez esses eus não sejam tão eus. Penso, então, que devem ser outra coisa... Mas não consigo adivinhar o quê.
   Avalio novamente a imagem que está por trás da grade e...são ipês! Não tenho certeza disso, mas oh, são ipês! O que vejo me engana, pois há elementos desconhecidos nos meus olhos e estes me mostram às vezes o que não é real. Mas, ah! Faz-de-conta que são ipês! Ipês amarelos, por favor.
   Agora tudo está mais nítido... Vejo, no topo da árvore, as belas flores desabrochadas, fontes inesgotáveis de vida. Em cada flor, há um mundo a ser descoberto: palavras que não escrevo, sabores que não degusto, aromas que não sinto, sons que não escuto... Há outros mundos em cada olhar. Há outros mundo em cada ipê.
   




(Fotos do meu professor de ciências, Rodrigo Zavatti)