Enquanto subia sozinha aquela rua úmida, pensava sobre o que cozinharia para o almoço. Não queria comer carne novamente...
De súbito, ouvi uma voz. Uma voz que desconhecia e que tinha um cheiro. Sim! A voz cheirava! E muito bem!
Olhei para os lados, mas estava completamente sozinha. Sabia que não tomava os remédios há um tempo, porém será que enlouquecera de vez?
Escutei a voz novamente e estava mais forte. Logo gritei:
- Quem está ai?
Ouvi de novo a voz, mas não conseguia distinguir o que ela dizia.
Parei por um instante, coloquei minhas sacolas no chão e exclamei pedindo:
- Vamos! Fale comigo!
E finalmente! Compreendi seus dizeres! A voz perguntava se eu estava bem e respondi-lhe que sim, estava!
Ela sumiu...
- Volte! Por favor! - gritei.
Mas nada.
Ouvir bem o vento não era tarefa fácil. Sua voz era suave e áspera, ao mesmo tempo. Foi a primeira vez que consegui conversar com o doce filho de Iasã.
Peguei minhas sacolas do chão e tornei a andar como antes. Como se o vento quisesse concluir apenas, ouvi, de forma abstratamente concreta, a última frase e incorporei sua filosofia a minha vida:
- A certeza é a pior embriaguez.
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