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5 de setembro de 2013

Ela Flor

  Era um dia frio. Quase congelado. Ao andar pela rua com a mochila vermelha pesada, a garotinha estava molhada. Afinal, chovia. Ela tinha rumo sim, mas na verdade, não queria ter. Queria mesmo era andar por aí, em qualquer canto, procurando numa esquina algo que a fizesse bem. Nada a fez.
  Ao dar um passo sobre uma calçada meio de concreto, meio de vento, ela caiu. Caiu com o rosto no chão. E lá se foram todos os seus pedacinhos na enxurrada... Ergueu levemente seus olhos e viu cada parte sua indo embora, para nunca mais voltar.
  Após ficar ali, levantou-se. Olhou para os lados e suspirou por saber que não havia ninguém na rua. O vazio é melhor. Abaixou a cabeça, para procurar o motivo de sua queda. Um iceberg. Mas não na calçada. Em si mesma.
  Continuou a andar, enfim, pelas ruas sujas. O contraste de sua pele branca com suas lágrimas pretas era visivelmente lindo. Por dentro, nem tanto. Seus olhos estavam derramando e escorrendo...
  O caminho não tinha fim. Ela também não. Era tão limitada quanto o céu.. Tão...
  O Sol apareceu brevemente. Ela resolveu parar, erguer a cabeça e encará-lo com todas as suas forças. A estrela, muito frágil, não aguentou vê-la por muito tempo e logo sumiu.
  A menininha - que devia ter uns 14 anos - prosseguiu. A cada passo, uma dor. Sempre pensando que a dor anda... E passa.
   Ela não queria admitir para si mesma, mas no fundo, reconhecia que precisaria de tempo, tempo para si. Todos sabiam que ela era apressada, meio impulsiva. Não pensava... Mas sentia. Ouso dizer que ninguém sentia tanto quanto ela.
  Foi andando e caçando a si mesma. Logo chegou em casa. Sentou-se na mesa do computador e até agora, ninguém sabe onde ela está.

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