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18 de setembro de 2013

Ferozmente

  Acordei. Não era cedo. E nem tarde. Olhei para o relógio e o ponteiro batia quatro horas da manhã. O estranho é que deveria estar escuro... Sempre que abro os olhos, uma luz fortíssima acende. Estava com sede. Resolvi levantar para pegar um copo com água.
  Coloquei os pés no chão. Chão frio. Dei dois passos e avistei a janela da cozinha. Já lhe contei sobre o pavor que tenho de janelas? Aliás, tenho pavor de tudo que é vazio e que propicia a entrada do vento. Quando a brisa bate em mim, desmorono. Fico aos pedaços e ficar quebrada não é o melhor jeito para se estar.
  Voltando para a janela: fiquei com medo. O vidro estava fechado e dava para ver nitidamente as folhas das árvores balançando. Por mais que me incomodasse, continuei a fitar aquele pequeno abismo.
  Um dia, uma amiga disse que esse meu medo de janelas é inútil. Mal sabe ela que são nas pequenas imensidões que nos perdemos de nós mesmos...
  Além do medo de abismos, tenho medo de monstros. Bichos feios que moram lá. Ou aqui?
  Poderia aparecer um monstro, não poderia? Um fantasma, sei lá! Esperava pelo susto.
  Andei por toda cozinha. Mas não deixei de olhar para a janela. Estava imersa nos meus medos. Não encontrava jeitos para voltar à realidade.
  Levantei os braços e alcancei o armário que guarda os copos. Peguei um de vidro. Prossegui com a ação. Logo cheguei perto da torneira. Abri-a e vi a água cair. Tão poético... Coloquei o copo embaixo e logo, enchi-o.
  Minutos passaram-se e continuei fitando aquele espaço vazio. Nada apareceu, para meu alívio e espanto. Sem monstros.
  Voltei para a cama, olhando para trás e todo instante e...
  Nada!
 Deitei-me novamente e fiquei matutando. Passaram mil ideias em minha cabeça. É, talvez, os bichos macabros morem dentro de mim.
 

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